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A nova constituição do Quênia é um reflexo das etnias?

Quenianos na fila para votar

Gostaria muito de saber se essa nova constituição vai realmente fazer alguma diferença na vida das pessoas, e como não sei muito sobre a história do Quênia comecei a pesquisar sobre o tema. Foi quando li um artigo da The Economist, que uma amiga me mandou, falando que o resultado do referendo era reflexo das etnias. “Lealdade tribal ainda ganha o dia”, dizia o título da matéria e ele me deixou um pouco confusa. A África é um continente com diversas etnias diferentes, mas assim também é a Europa só que lá ninguém coloca a culpa de todos os problemas nas etnias.

É presunçoso da minha parte questionar a credibilidade da revista, mas quando o assunto é etnias, todo cuidado é pouco. Fomos treinados a chegar nessa conclusão sendo que, aqueles que tem a oportunidade de vivenciar a África, explicam que são raríssimos os problemas étnicos e que diferentes culturas costumam conviver em paz. Em um curso de África que eu estava fazendo na PUC lembrei do quanto foi enfatizado essa questão da nossa cultura ocidental cismar com a questão étnica, talvez traumatizada depois de Ruanda.

A matéria também me deixou um pouco indignada pelo seu tom de superioridade, que terminava com um “Um dia, talvez, a política vai falar mais alto que as tribos na hora dos quenianos votarem. Mas pelo jeito, ainda não”.  Será mesmo? O The Guardian deu uma matéria falando sobre como as preocupações da população com a mudança de presidente em 2012 afetam o otimismo sobre o referendo, já que um novo presidente poderia anular os efeitos do referendo.

Sobre a nova constituição, ela teve 67% de aprovação no referendo, e os quenianos estão esperançosos as novas leis que prometem uma grande reforma agrária e mais liberdade de expressão e deixam o texto dos tempos coloniais para trás. Outro ponto interessante é que o presidente pode sofrer impeachment do parlamento e o presidente não pode tentar se reeleger mais uma vez. O povo também ganha o direito a dupla cidadania, mas o aborto continua proibido, salvo em casos de risco de vida.

É difícil chegar a uma conclusão se esse é ou não um reflexo das etnias, mas de qualquer forma, vale apena ler as duas matérias sobre o assunto, questionar o tema e se aprofundar no assunto. Vi uma vez uma mapa da África com base vou procurá-lo, e publico em breve. Além dessas duas matérias, o Le Monde publicou explicando direitinho os pontos do referendo.

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