Mapa mundi
“The Elephant in the Room” é uma expressão em inglês para identificar uma situação muito particular: sabe aquele assunto que está no ar, impossível de ser ignorado, mas que as pessoas fingem que não existe e simplesmente evitam ao máximo falar sobre ele? Pois é, isso é exatamente o que acontece com a África: Ao olhar um mapa mundi, é difícil não reparar naquele grande continente que normalmente fica bem no meio: ele é grande, cheio de países em formatos estranhos e nomes diferentes, mas parecidos entre si: Ruanda, Uganda, Luanda. Zaire, Zimbábue, Zâmbia. Além disso, ele tem aquele formato que parece encaixável ao Brasil. Ao meu ver, só com essas simples informações já me parece impossível não querer saber mais sobre o lugar.
Mas na prática, não é o que acontece: muita gente se contenta com a visão errônea e colonialista de que aquele é um lugar primitivo útil apenas para brincar de safári, onde tudo é uma grande barbárie. É lógico que existem grandes problemas e existem desertos, savanas, tigres, hipopótamos e girafas – mas existe muito mais e no fundo as pessoas sabem disso, mas é tão mais fácil deixar isso pra lá, não é?
Quando somos nós que sofremos o preconceito e ouvimos que a capital do Brasil é o Rio de Janeiro, que moramos em árvores e que só existe violência no Brasil, amaldiçoamos os americanos e europeus de burros. Mas nós fazemos a mesma coisa. Ridículo, não? Está na hora de mudar de mentalidade e quebrar preconceitos.
Esse blog tem o propósito de trazer aquele vasto continente de volta à pauta. Ele aparece tão pouco nos nossos jornais e revistas – e quando aparece costuma ser para falar de tragédias naturais ou conflitos. Assim também fica difícil mudar de impressão, né? É necessário mostrar o que acontece na África – tanto o lado ruim quanto o bom.
Com esse espaço espero também conseguir mudar um pouco de assunto da juventude que eu convivo. Estou cansada de ouvir gente falar que vai largar tudo e ir para a Europa, sem perceber que este continente sim passa por uma séria crise econômica que não existem muitas oportunidades decentes para estrangeiros, que ainda por cima vão sofrer preconceito.
Do outro lado do Atlântico porém, existe espaço para desenvolver novos projetos, países que precisam ser reconstruídos e governos dispostos a pagar pelo trabalho. Além de existir pessoas bem mais receptivas. Então mãos à obra: existe um elefante na sala e vamos falar sobre ele.